24/11/10

Efeitos da Greve

Não há dúvida que o modo como se diz as coisas é muito importante.
Embora compreendendo os motivos da Greve Geral, respeitando quem a fez e reconhecendo os motivos que levaram tantos profissionais a aderir, como mãe e encarregada de educação custou-me ver o regozijo do lider da Fenprof, que alegremente (como se de um aluno inconsciente se tratasse) declarava "Hoje não há aulas!", "Escolas de todo o país estão encerradas (...), a norte, sul e ilhas!". Que eu ouvisse (e admito que não tenha ouvido tudo) nunca referiu os motivos pelos quais os professores aderiram a mais uma greve, nem nunca se referiu directamente à classe que representa.
É bom para o país que não haja mais um dia de aulas nas escolas públicas?? Somado aos dias em que também não há aulas porque falta água, gaz, professores, ou simplesmente porque é dia de S. Martinho e "vamos passar todo o dia a fazer um magusto"...
Confesso que não consigo perceber o motivo de tanta alegria. Para mim, qualquer dia em que os meus filhos não tenham aulas por qualquer um destes motivos e que o país desinvista na formação das gerações futuras, só pode ser motivo de tristeza e de preocupação.

1 comentário:

António Gaito disse...

Viva!
É certo que uma "greve geral" não sensibiliza minimamente os irresponsáveis por esta governação, nomeadamente o bloco central de interesses e os beneficiários do "fartar vilanagem", sendo muito mais produtiva uma "paralisação geral" (lembram-se das empresas de camionagem que o fizeram?) ou, melhor ainda, uma "cachaporra geral".
Mas, a greve é um direito legítimo e, sobretudo nestas circunstâncias, necessário para tentar dizer à pandilha do Rato e da Lapa que aquilo que fizeram ao país, o Rocco Siffredi não faria melhor, mesmo que vivesse mais mil anos!
E será que quando todo o país - para não dizer o mundo - sabe quais os motivos desta greve, é preciso ocupar tempo de antena a enumerá-los?
Claro que é chato para quem não aderiu e não me parece descabido defender a prestação de serviços mínimos nas escolas - pôr os miúdos a fazer alguma coisa e dar-lhes as refeições. Mas, com aquilo que vi enquanto prestei trabalho comunitário na Escola dos Pombais, não é por um, dois ou dez dias sem aulas que os alunos vão sair de lá a saber menos. Com este sistema de ensino, dominado por fundamentalismos pedagógicos pós-modernistas, é preciso que as crianças e os jovens queiram mesmo aprender, que se dediquem a sério e estudem mais do que aquilo que lhe é leccionado. Os que não o fizerem vão sempre passando e chegam às universidades a ler como se estivessem na primária e a escrever pior português que um qualquer estrangeiro que aterrasse na Portela a semana passada (caso alguém pense que estou a exagerar, posso mostrar textos escritos por colegas meus a terminar a licenciatura e, até, já licenciados!).
Cumprimentos!
António Gaito