12/08/06

Cultura de Qualidade

"O homem comum é exigente com os outros; o homem superior é exigente consigo mesmo"
Marco Aurélio

Enganado pelo título foi o leitor se, de alguma forma julgou que eu, pelo menos desta vez iria falar de cultura. Pelo menos no sentido que o Ministério da Cultura habitualmente entende ser cultura, isto é, praticamente limitando-se à arte em geral, à arte como reflexo de cultura, quando para mim, a palavra cultura compreende bem mais do que isso.

Já passou algum tempo, mas ainda estou bem recordado das conclusões a que cheguei quando o ano passado vi na RTP 1 um «Prós e Contras» que, não me recordando do título exacto do debate, posso, com certeza afirmar que pretendeu debater a imagem que Portugal tem no estrangeiro.

Nesse debate, e também já não me recordo quem eram os oradores falou-se da imagem que a Alemanha, Itália, Espanha, etc. têm, debatendo e comparando com a de Portugal.

Mas quando me refiro à imagem portuguesa não me refiro à que reflecte a Constituição da República Portuguesa, nem da cor ou tendência política da Assembleia da República ou do Governo, mas sim de Portugal enquanto marca.

Isto é, como é que Portugal e os portugueses são vistos lá fora, como são vistos os nossos produtos, a nossa maneira de viver e de trabalhar, como é que uma marca portuguesa pode e deve ousar ser empreendedora o suficiente para com sucesso poder saltar fronteiras.

Nesse «Prós e Contras» deram-se exemplos de sucesso. Sucesso pela inovação, sucesso pela tradição, mas sempre sob a batuta da qualidade.

Se por um lado se associa, por exemplo, os automóveis alemães a segurança, os italianos a design, os produtos franceses a glamour, classe e requinte, os britânicos a cortesia, elegância, pontualidade e até se caracteriza o seu humor, nós Portugal o que temos?

Fazia ideia que a Via Verde, exemplo de inovação brindado com enorme sucesso é criação portuguesa? Sabia que, tal como a Via Verde o software utilizado nas nossas caixas multibanco, para além de ser português é exportado por ser tão bom? Sabia que a Família Real Inglesa ocasionalmente utiliza serviços Vista Alegre?

Exemplos de Portugal genial.

Talvez durante o mês de Junho vi um programa na SIC Notícias, salvo erro SUCESSO.PT onde pretendendo falar de empreendorismo e de oportunidades foi dito que, umas principais dificuldades que uma marca portuguesa encontra para crescer em Portugal é precisamente o facto de ser portuguesa.

Conhece a marca de roupa de homem Wesley? Sabia que uma marca de roupa que transmite um inconfundível estilo britânico, que rivaliza com marcas americanas como a Gant e Arrow é de facto, portuguesa?

Sabia que a marca de calçado Pablo Fuster foi criada por uma família do norte do país?

Pense agora porque será que os nomes não são portugueses. Será que para os portugueses em geral o que é nacional já não é tão bom?

No dia 27 de Julho de 2006, no Diário de Notícias, mais concretamente na revista LIFE, suplemento que fazia parte integrante do jornal, vinha publicada uma entrevista com um senhor, um homem que respeito e admiro imenso. Um empresário de sucesso, seu nome José Roquette.

O dr. José Roquette disse e cito:

" o percurso que a economia nacional deve seguir, para além de todos os planos tecnológicos, é criar uma nova cultura. É instaurar uma cultura de qualidade. (...) Esta cultura tem de envolver os consumidores. Os portugueses têm de ser exigentes em termos de qualidade. Hoje, os consumidores nacionais optam basicamente pelo preço quando compram qualquer coisa. A relação preço-qualidade fica ausente dos nossos hábitos (...). É preciso um banho de cultura de qualidade e é preciso que esta cultura, quando surge, seja amparada e ajudada, porque por enquanto é uma planta muito frágil."

O que retiro daqui imediatamente? Nós como consumidores ao não sermos exigentes corremos o risco de um dia os produtores também já não o serem. Se nós, portugueses na generalidade não optamos pela relação qualidade-preço, o que nos garante que no futuro os produtores não sigam o nosso exemplo?

Talvez, e espero que sim, se chegue através destes exemplos à conclusão que, de facto, a marca-País é um conceito cada vez mais relevante no contexto mundial actual.

Na revista Marketeer de Julho de 2006, por Maria João V. Pinto foi dito o seguinte:

" (...) não parece haver qualquer dúvida quanto ao facto de a globalização estar a ajudar à concorrência entre os países no sentido de estes conquistarem a atenção, respeito e confiança dos investidores, turistas, consumidores, doadores, imigrantes, meios de comunicação e governos de outros países. Uma marca-País poderosa e positiva oferece, assim, uma vantagem competitiva fundamental. É essencial que os países compreendam como são percebidos pelos públicos à escala mundial, de que forma os seus sucessos e fracassos, activos e responsabilidades, pessoas e produtos são reflectidos na sua imagem de marca."

Contundente, não acham?

As minhas intenções ao escrever este artigo não foram apenas informar e pretender que o leitor pense um pouco acerca deste assunto, foi também de alertar que um assunto de interesse nacional, como este, também pode ser sentido localmente.

A nível local, daqui por três semanas ocupar-me-ei disso. Até lá, bons banhos.

Artigo publicado em: Diário de Odivelas

10/08/06

Os estados gerais da direita

Pires de Lima deu uma entrevista ao Correio da Manhã [07-08]. Nela referiu-se ao almoço ocorrido entre Ribeiro e Castro e Manuel Monteiro, afirmando que «foi uma iniciativa provocatória» e que os estados gerais da Direita «tendo como principais promotores o Dr. Ribeiro e Castro e o Dr. Manuel Monteiro provavelmente serão uns estados fúnebres sobre a Direita», porque «começam com o ónus de serem promovidos por aqueles que menos bem a têm representado».

Quanto ao futuro, «a liderança [do PP] não passa por mim e parece-me também mais ou menos evidente que passa cada vez menos pelo Dr. Ribeiro e Castro pela sua desastrosa actuação», isto porque, «a frustação é tão grande que mais cedo do que tarde o CDS vai ter de mudar de caminho».

Entrevista disponível online em Correio da Manhã.

06/08/06

A guerra do CDS

Eduardo Dâmaso, director-adjunto do Diário de Notícias, escreveu em Editorial [05-08], o seguinte:

O conflito cada vez mais aberto entre os populares é o resultado do trágico equívoco que foi a vitória de Ribeiro e Castro no congresso da sucessão de Paulo Portas. Este homem vindo do frio, em concreto de Estrasburgo, ganhou um partido órfão de um daqueles líderes que, como é habitual no CDS, tinham uma mais - valia eleitoral superior à do próprio partido.

Ora, no caso de Ribeiro e Castro, apesar da sua energia e capacidade de trabalho, não é isso que se passa. O actual líder do CDS não consegue nem conseguirá valer um pouco mais do que o próprio partido nas urnas eleitorais. Ribeiro e Castro vem de um tempo político, ainda do 25 de Abril de 1974 e da luta do PREC, cujas referências estratégicas e morais lhe podem valer uma vitória em congresso depois de um bom e emotivo discurso, mas nada mais do que isso. A política de hoje é diferente.

O centrismo suave de Ribeiro e Castro está confrontado com a mais forte transição geracional de que há memória no CDS, ungida pela vitória sobre Monteiro e bafejada com uma breve mas intensa passagem pelo poder que a determinou a ocupar um espaço identitário à direita que lhe permita sobreviver às oscilações do PSD.

Desperdiçou a oportunidade de comprometer os perdedores do congresso com a sua liderança, não foi hábil com a bancada parlamentar, não construiu uma equipa credível nem um discurso mobilizador.

Carta Aberta ao Sr. Luís Salmonete do PSD

- Estão verdes essas uvas.
Verdes não servem para nada!

Jean de La Fontaine, A Raposa e as Uvas

1. Por razões que desconheço, o Sr. Salmonete, vice-presidente da Comissão Política Concelhia de Odivelas do Partido Social Democrata (PSD), entendeu, por bem, insultar os militantes, isto é, os membros do Partido Popular CDS/PP, afirmando que, «no CDS/PP é normal, não ter bem a certeza daquilo que se diz». E fê-lo, utilizando o espaço político do seu partido, para, com tal acto, oferecer-lhe uma dimensão que de outra forma, naturalmente, não teria.

Pela importância política não posso deixar passar em claro, o ocorrido. Não sei, pessoalmente, o que é que o Sr. Salmonete tem contra mim, uma vez que não o conheço. Quanto muito, poderei ter visto o seu nome ou a sua fotografia num qualquer folheto de propaganda eleitoral, mas, não mais do que isso.

Na minha qualidade de militante do PP, naturalmente que me considerei atingido na dignidade que seria suposta estar preservada quando o debate político é efectuado de uma forma elevada e séria e com o civismo que se exige aos eleitores.

2. O que é extraordinário é que o vice-presidente de uma comissão política concelhia se permita vilipendiar os membros de um partido que é companheiro de coligação em 60 autarquias do nosso país.

Ler a
Carta Aberta ao Sr Luis Salmonete vice-presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Social Democrata de Odivelas, na Coluna às Direitas, no jornal de Diário de Odivelas.

Maria João Pires e os apoios do Estado

João Miguel Tavares, escreveu no Diário de Notícias [05.08.2006]:

Maria João Pires diz-se «vítima de uma verdadeira tortura» e desde o primeiro dia do projecto de Belgais que se queixa sazonalmente da falta de apoios por parte do Estado e de investimento à altura da sua visão de desenvolvimento cultural do interior. Belgais é um sítio bonito e ninguém põe em causa a boa vontade da pianista, mas, apesar de ela viajar muito, tem todos os vícios dos artistas portugueses - eles entram com as ideias, o Estado e os mecenas entram com o dinheiro. Ainda estou à espera de um artista que chegue, arregace as mangas e ponha de pé um projecto auto-sustentável.

02/08/06

Comunicado JP Odivelas - Odivelas Jovem

A Comissão Política de Odivelas da Juventude Popular (JP) vem, por este meio, congratular-se com a preocupação que Partido Socialista demonstrou para com os jovens de Odivelas na apresentação, em reunião pública de Câmara, da moção “A JUVENTUDE: UMA APOSTA COM FUTURO”. Vemos esta moção como uma tentativa do PS em mostrar alguma preocupação com a juventude, em resposta ao nosso ultimo comunicado, mas relembramos aos jovens de Odivelas que uma moção, por si só, nada faz.

1- Relembramos que a Sr.ª Vereadora Fernanda Franchi, na reunião que teve com a JP, demonstrou uma clara falta de preparação e um total desconhecimento das principais matérias que dizem respeito à vereação da Juventude.

Impressiona-nos como é que o actual executivo consegue apresentar a actividade “Caça aos Gambozinos” como um ponto principal na área da juventude. Sobre isto questionamo-nos se algum jovem os viu (os gambozinos) ou se a forma de fazer política da Sr.ª Vereadora é a de por os jovens a caçar (gambozinos) distraindo-os das questões essenciais do concelho.

A verdade é que, na prática, nada foi feito para apoiar os jovens e perante tudo isto a JP só pode manter o pedido de substituição da actual vereadora da Juventude Fernanda Franchi.

2- A JP e o CDS/PP têm soluções para os jovens do concelho de Odivelas: um espaço de estudo aberto 24h por dia, incentivos à criação de empresas por jovens com menos de 30 anos (isenção de Imposto de Derrama, espaços empresariais a custo reduzido, etc.), criação de actividades desportivas nas escolas de Ensino Básico com interligação directa de associações desportivas, entre outras, propostas estas que, de resto, eram constantes do programa de candidatura do CDS/PP às eleições autárquicas de 2005. A JP e o CDS/PP acreditam em propostas que realmente sirvam os jovens de Odivelas.

3- Sobre o Conselho Municipal de Juventude, uma proposta do CDS/PP e da JP que foi esquecida pela anterior Vereadora e preguiçosamente tratada pela actual, mas que o nosso esforço político fez o PS e a JS ter de “engolir o sapo” de aceitar a sua criação, falta agora o arranque. O qual iremos certamente denunciar, cada vez mais alto, se continuar a ser adiado. Estranhamos é que o atraso do CMJ seja justificado com a falta de feedback das associações de juventude, dado que não pode haver feedback sem contacto do executivo. Para que mais desculpas não hajam aqui fica, novamente, o contacto da JP: Rua Alves Redol 15 B, 2675 – Odivelas ou Odivelas@juventudepopular.org.

4- A JP desmente categoricamente qualquer entendimento político com a Presidente de Junta Freguesia de Odivelas Graça Peixoto, muito pelo contrário, o distanciamento é tão grande que não se pode confundir a actividade politica de ambos. Em mil propostas onde são opostos, têm uma onde convergem, isto é, no pedido de demissão da Vereadora Fernanda Franchi.

5- A JP, em resposta a uma juventude partidária que arrogantemente nos apelidou de “antidemocráticos” e “populistas”, por pedirmos a demissão da actual Vereadora da Juventude, apenas reafirma o compromisso que tem em DAR VOZ AOS JOVENS DE ODIVELAS e interceder por eles sempre que seja necessário. Mas, ainda assim, a JP aproveita a oportunidade para assumir um outro compromisso: política em pratos limpos. Uma política “Super Pop”, estilo detergente para a loiça, que retire toda a gordura que em Odivelas está agarrada ao “tacho”.

A Comissão Política Concelhia de Odivelas da Juventude Popular