15/10/10

A proposta de Dinamização e Revitalização do Comércio Local.


Coloco aqui a cópia da proposta que foi feita ontem em Assembleia Municipal pela bancada do CDS-PP em Odivelas e que foi chumbada pelos partidos do poder, PS e PSD.

Chamo contudo mais uma uma vez a atenção para o facto de termos proposto unicamente a constituição de um grupo de trabalho para avaliação do Projecto e não a sua implementação.

Proposta de Recomendação.

O Projecto de Revitalização e Dinamização do Comércio Local em Odivelas que anexamos a este documento foi elaborado por um grupo de trabalho, o qual para além de pessoas ligadas ao CDS-PP, é composto por muitas pessoas independentes e até de outras forças políticas. Devido à sua dimensão e à actual situação do sector, reveste-se em nosso entender de crucial importância.

Como tal, a Bancada do CDS-PP, representada nesta Assembleia Municipal, vem hoje propor que seja criado pelo Executivo Municipal, um grupo de trabalho, para estudar e avaliar o Projecto de Revitalização e Dinamização do Comércio Local. Grupo esse que deverá ter na qualidade de observador alguém que tenha estado envolvida na elaboração deste projecto e que deverá ser indicado pela nossa bancada.

Odivelas, 30 de Setembro de 2010

Miguel Xara Brasil

Líder do G. Parlamentar do CDS-PP



Projecto de Revitalização e Dinamização do Comércio Local em Odivelas


Introdução.

Num Concelho como o de Odivelas, o qual, como todos sabemos, tem carências a vários níveis e no qual a Câmara, tal como muitas outras, tem enormes dificuldades financeiras, entendemos que a capacidade que este executivo possa vir a ter para encontrar receitas alternativas se torna de primordial importância.

Tanto mais que os comerciantes, tal como as famílias e todas as pessoas, não suportam mais subidas de impostos, nem tão pouco a imposição de novas taxas e obrigações.

No seguimento do acima exposto, e tendo em conta que o Comércio Local em Odivelas atravessa um período de enormes dificuldades, entendemos que a Revitalização e Dinamização deste sector se torna de crucial importância.

Acrescentamos, ainda, que um Comércio Local débil coloca em perigo vários postos de trabalho, a sobrevivência económica de várias famílias e uma vida social mais pobre dentro de cada uma das sete freguesias.

Pese o facto de haver outras formas e medidas para potencializar o desenvolvimento económico do Concelho (as quais não inviabilizam as que aqui apresentamos, antes pelo contrário, podem ser complementares), entendemos que estas são as medidas que podem gerar melhores resultados a curto e médio prazo para todos - Câmara, Juntas de Freguesia e Comerciantes.



Factores determinantes para o sucesso deste projecto:
1-Fazer o enquadramento correcto da situação.
2-Definir objectivos claros (quantitativos e qualitativos).
3-Traçar o esboço final do projecto de dinamização do comércio local.
4-Promover com os comerciantes uma relação de proximidade e de parceria, de forma a conquistar a confiança destes.
5-Um projecto deste tipo tem que envolver o maior número de forças vivas do concelho (desportivas, culturais, cívicas, comunitárias, escolas, politicas, etc.)
6-Tem que pensar na requalificação dos centros históricos, na globalidade do concelho, na mobilidade e nas acessibilidades.
7-Tem que ser claro na previsão da rentabilidade (IRS, Derrama, Taxas, IMI, etc.).
8–Dever ser claro nas obrigações de ambas as partes, comerciantes e poder autárquico.
9–Tem que ser preconizado por uma equipa competente e com valências em várias áreas como por exemplo, gestão, produção de eventos, marketing e comunicação.


Precauções que devem ter Câmara e Juntas de Freguesia:
1-Não criar falsas expectativas;
2-Não tomar, por muito que possa custar, medidas avulsas, sem que as mesmas façam parte de um projecto integrado e pré-definido (gastos desnecessários);
3-Fingir que faz ou tomar medidas incompreensíveis;
4-Cuidado especial com as “faltas de água”, com a limpeza urbana, com a segurança, mobilidade e estacionamento.
5-Ter sempre grande sensibilidade para os problemas dos comerciantes;
6-Ser rigoroso e determinado.

Caracterização das Propostas:
Preocupações:
- Valorizar as marcas, a cultura e as tradições do concelho;
- Serem o mais abrangente possível (sectores de actividade);
- Pensar na globalidade do Concelho (todas as Freguesias);
- Serem financeiramente exequíveis;
- Envolver o maior número de Forças Vivas do Concelho.
Tipologia:
- Propostas administrativas;
- Propostas ininterruptas.
- Propostas de Eventos periódicos.

1 – Propostas Administrativas.


1.1 - Gabinete de Apoio ao Comerciante (balcão único).
Criação de um gabinete único onde qualquer comerciante se possa dirigir para tratar de todos os assuntos relativos à sua actividade.
Esse gabinete deve ter valências para dar todo o tipo de informação, recolher as solicitações e entregar as respostas.

1.2 - “Zelador” do Comerciante.
Criação de uma “figura” que dê apoio aos comerciantes, que tenha a capacidade de ir ao seu encontro para se inteirar das reais necessidades e que tenha a capacidade os ajudar a resolver problemas/dificuldades, inclusivamente fazendo propostas à Câmara (a que esta, de uma forma sensata, lhes possa dar, dentro das possibilidades, o maior apoio).

1.3 - Lojas âncoras.
À semelhança do que é habitual no grandes Centros Comerciais, também no que se refere ao “Comércio de Rua” faz sentido ter este tipo de lojas. Estes espaços têm capacidade para atrair muitas pessoas e também eles ajudam, com as suas campanhas, a promover o Comércio em Odivelas.
Para tal têm que ser criadas condições para atrair estas grandes marcas para as principais artérias comerciais. Contudo, antes de o fazer, tem que ser pensado qual a tipologia de lojas que podem ser consideradas como âncora.
Em nossa opinião, pela qualidade e quantidade que há em Odivelas, os restaurantes podem desde já ser considerados lojas âncoras. Pelo que, criar um roteiro gastronómico ou zona gastronómica e promovê-la poderia ser o primeiro passo.

1.4 - Regulamento do Vendedor Ambulante.
Há no Concelho de Odivelas venda ambulante, a qual, como é fácil de entender, faz concorrência directa aos comerciantes, pelo que se tem que regulamentar devidamente esta actividade, para não provocar situações de concorrência desleal.

1.5 - Linha de Crédito/Incentivos à renovação.
Criar, em parceria com um ou mais bancos, uma linha de crédito com o objectivo de apoiar a modernização e renovação dos espaços comerciais, e da funcionalidade dos mesmos.


1.6 – Formação.
Entendemos que a formação pode ser um factor determinante para a evolução do comércio local, pelo que a criação de cursos ou sessões de formação para Comerciantes nos parece essencial.
A reforçar esta ideia está o facto de muitos destes comerciantes não terem a formação desejável e, além disso, muitos deles estão legalmente constituídos como empresas familiares ou unipessoais, o que faz muitas com que nem sequer tenham com quem trocar opiniões.
Assim urge a criação de um plano de acções de formação para comerciantes.


1.7 - Criação de uma marca e campanhas para o comércio local.
A criação de uma só marca para o Comércio Local será outra grande mais-valia, pois com ela conseguir-se-á ter uma enorme quantidade de sinergias de forma a promovê-lo como um todo.


1.8 - Resolver a questão do Mosteiro (no mínimo começar por fazer com que esteja aberto ao público ao Fim-de-Semana).
Consideramos que o Mosteiro de S. Dinis e S. Bernardo, por ser um edifício de elevado interesse histórico, terá, irremediavelmente, que se tornar uma grande mais-valia para o concelho. Os odivelenses, e todos aqueles que nos visitam, não podem estar privados de visitar o seu interior, os seus claustros e o seu jardim. Nesse sentido, têm que ser tomadas medidas para que este edifício, classificado como Património Nacional, passe a estar aberto ao público, pelo menos aos Sábados, Domingos e Feriados.

2 – Propostas Ininterruptas.

2.1. Portal de Odivelas.
Criação de um Portal vocacionado exclusivamente para o Lazer, que tenha uma agenda cultural e desportiva, uma Rota Gastronómica, e um Roteiro do Comércio Local.A divulgação deste portal na zona circundante a Odivelas colocaria cerca de 1 milhão de pessoas, as quais estão a dez minutos de distância, a um clique de toda a informação.

2.2. Cartão de Pontos.
Um sistema central que agregue todos os comerciantes que a ele queiram aderir;
Todos os Odivelenses, assim como todas as pessoas que fizerem compras no Comércio Local, receberão gratuitamente um destes cartões;
Cada vez que haja uma compra num estabelecimento aderente ser-lhe-á creditado, por exemplo, um ponto por cada euro e um por cada compra.
Em conjunto com os comerciantes será criado um leque de benefícios para as pessoas que aderirem ao cartão.
Este cartão deverá ter sinergias com o Portal (ex. troca de publicidade por produtos para prémios).

2.3. A Corte D’El Rei D. Dinis.
Criar uma Réplica da Corte D’El D. Dinis, com duas componentes distintas:
a) - Reprodução de personagens da época que saiam à rua e animem as principais ruas comercias e centros históricos das freguesias.
b) - Criar um museu temático/centro de estudos da época com a denominação “Corte D’El Rei D. Dinis”.
Este centro deverá ser, simultaneamente, um centro de estudo e de interpretação do seu reinado.
Deverá ser responsável pelo desenvolvimento de todas as acções relacionadas com a corte, e deverá ter sempre um papel decisivo no desenvolvimento de acções que tenham a presença das personagens da “Corte”.
Deverá ter uma exposição permanente e um espaço para exposições periódicas.
Deverá ter um espaço onde sejam representadas peças e se desenvolvam acções inter-activas com crianças, de forma a facilitar a aprendizagem da matéria que lhes é leccionada nas escolas.
Deverá ser responsável por elaborar um plano cultural anual, onde inclua um mês dedicado a D. Dinis. Nesse programa devem constar acções ao ar-livre (de rua) e interiores, como por exemplo, festivais, exposições, concertos, feira medieval, etc.
Nesse edifício poderá existir um restaurante temático, onde a comida seja da época e os funcionários estejam com trajes da época.

2.4. Saturday Happy Day.
Aproveitando as três propostas anteriores, e algumas das que apresentaremos mais á frente, deverá ser feito um esforço, através de animação de rua, promoções de Happy Hours, etc., de forma a criar ao Sábado atracções suficientes para chamar pessoas para as zonas comerciais.


3 – Propostas de Eventos Pontuais.

3.1-Natal e Marcha do Dia de Reis.
Diferenciar o Natal de Odivelas daquele que existe nos Concelhos Vizinhos, só assim conseguiremos, sem um grande esforço financeiro, reter os odivelenses e atrair um grande número de visitantes.
Assim propomos, entre várias outras acções:
-Criar um Centro Natalício que promova uma grande quantidade de acções;
-Fazer de Odivelas a Capital do Bolo Rei;
-Organizar uma grande marcha ou parada de Natal no Dia de Reis.


3.2-Odivelas Stock Market.
Montar num local relativamente perto de uma das saídas do Metro uma mega tenda e colocar lá dentro stands onde possam estar os lojistas do Concelho.
Este evento deverá ocorrer duas vezes por anos, em período de saldos de forma a ajudar ao escoamento dos restos de colecções.
Este evento deverá ser animado por uma série de actividades paralelas, como por exemplo passagens de modelos para todas as idades, festival de cabeleireiros, etc.,.


3.3-Feira de Automóveis Usados.
Realização, duas ou quatro vezes por ano, de uma feira que reúna vários comerciantes de automóveis usados, onde estes vendam os seus veículos.
Este evento deverá ter como complemento outras actividades, noutros locais que promovam a circulação dos visitantes no interior do Concelho. Encontro de Carros Antigos, Passeio de Carochas, Encontro de Minis, Exposição de Miniaturas, etc., são alguns exemplos.


3.4–Feira Biológica.
Os produtos biológicos têm tido desde há uns tempos a esta parte uma grande procura, como tal, a realização de uma grande Feira Biológica, uma vez por ano em Odivelas, será um evento capaz de atrair milhares de pessoas.
Em parceria com a Escola Agrícola, pois muitas das atracções possíveis já estão instaladas lá, será possível criar este evento e torná-lo uma referência nacional.
Visitas aos animais, à queijaria, à adega, às hortas, e passeios a cavalo ou de carroça, ateliers e workshops, são actividades a considerar dentro deste evento.
Paralelamente, deveria ser criado o programa “A Minha Árvore”. Este programa consiste na compra por qualquer visitante de um a árvore, a qual será doada à autarquia que se responsabilizará por cuidar dela e dela dar notícias ao seu “padrinho”. Na altura de ser colocada na via pública o seu “padrinho” será convidado para assistir à cerimónia e na árvore, ou junto a ela, deverá figurar uma placa com a identificação da árvore e do “padrinho”.
Paralelamente deverá ser equacionada a realização de uma feira biológica semanal numa das freguesias do Concelho.


3.5 - Campeonato Municipal de Carros de Rolamentos.
Esta proposta passa por implementar, à semelhança do já se faz noutros ponto do país, corridas de carrinhos de rolamentos.
A nossa proposta, uma vez que todas as freguesias têm condições para tal, é fazer um circuito municipal (1 corrida por freguesia), onde sejam convidados a estar presentes os melhores competidores do país.
Este evento deverá ser vocacionado para um público jovem, e por essa razão deverá fazer um esforço em captar o interesse de estudantes do ensino secundário e universitário de toda a região metropolitana de Lisboa. Se assim for será possível tornar este evento em mais um de referência a nível distrital e até nacional.
Deverão ocorrer eventos paralelos como workshops e exposições de carros de rolamentos originais, assim como encontros de confraternização de jovens.


3.6 - Arraial do Petisco.
Este é um evento de cariz gastronómico, que pretende juntar e promover todos os restaurantes do concelho.
Deverá realizar-se uma vez por ano, ter actividades paralelas, como música, workshops, ateliers, concursos, etc,.
Todos os anos deverá ter um tema diferente: um ano poderá ser o caracol, outro poderá ser o camarão, outro a morcela, outro a sapateira, etc., etc.
A dinamização anual deverá ser feita á volta desse tema. Se, por exemplo, for o ano do caracol, poderá ser promovido, à semelhança do que já se verificou em Lisboa com a Cow Parede, uma Caracol Parade.


3.7 – Marmelada – Um Diamante por polir.
Esta é uma das maiores riquezas do Concelho e como todos sabemos as mais-valias daí resultantes são nulas ou quase nenhumas, assim consideramos urgente:
• Incentivar a produção e a comercialização de Marmelada em mais locais (pastelarias e restaurantes);
• Consertar estratégias com todos interessados;
• Ajudar a divulgar a Marmelada fora de Odivelas através de acções de marketing, campanhas publicitárias, acções de charme e presença em certames/feiras/eventos.
• A realização de um grande evento temático em Odivelas (Feira da Marmelada e dos Doces Conventuais).

Neste ponto, temos que considerar que Promover a Marmelada é simultaneamente promover Odivelas. A Marmelada, à semelhança do que acontece com tantos outros produtos, em outros locais do país e do mundo, pode ter a capacidade para atrair muitas pessoas, é só pensarmos no número de pessoas que por dia, mês ou ano se deslocam a Belém para comprar os pastéis.


3.8 – Encontro da Cultura Saloia.
Este evento, o qual pode integrar ou prolongar o Festival da Sopa, uma iniciativa já considerada um êxito, pretende explorar de forma mais efectiva e mais proveitosa uma marca que está nas origens deste concelho e cuja freguesia mais emblemática, para este tema, é precisamente Caneças.
Assim, promover o encontro da cultura saloia durante duas semanas, uma vez por ano, pode tornar-se um outro marco importante no Concelho, não só a nível cultural, como também económico.
Propomos que neste evento seja inserido um Mercado Saloio: recrear as vestes e as profissões saloias, festivais temáticos, mostra de ranchos folclóricos de origem saloia, etc., etc.

Nota: Propusemos que decorra em simultâneo como Festival da Sopa porque, se assim for, possibilita a rentabilização de custos. Mas também poderá ser autónomo e realizado noutra época do ano.


4 - Considerações Finais.
Em nossa opinião, todas estas propostas são fazíveis, poderão ser com toda a certeza ser rentáveis para todos (Câmara, Juntas e Comerciantes) e seguramente são social e culturalmente uma grande mais-valia para os odivelenses.

Nada precisa de ser feito de um dia para o outro, nem tão pouco, nascer já grande e crescido, todas estas propostas podem ir crescendo gradualmente e com os pés bem assentes na terra.

Há contudo algumas questões a considerar:
1º) Necessidade ter um projecto bem definido e delineado;
2º) Ter uma equipa competente, experiente e multifuncional;
3º) Ter em consideração que a comunicação será com toda a certeza um factor de sucesso, por isso há que conceber um planeamento prévio de comunicação, em que tudo no seu conjunto faça sentido e a comunicação de cada um destes pontos seja direccionada para o público certo.

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