07/10/10

5 de Outubro na Assembleia Municipal de Odivelas.


Por ocasião da comemoração do Primeiro Centenário da República houve em Odivelas uma Assembleia Municipal Extraordinária.

A Bancada do CDS-PP entendeu que deveria nessa data dar oportunidade aos mais novos, assim em vez de Mariana Cascais e de Xara- Brasil, estiveram em representação do CDS-PP, André Carreira e o estreante Luís Costa.

Como é habitual nesta situações cada bancada teve direito a uma intervenção, André Carreira foi quem na nossa Bancada utilizou a palavra. Aqui reproduzimos o seu discurso.



Que República!


Cinco de Outubro de dois mil e dez, e eis que Portugal desperta para o regime que há cem anos nos governa!

Como se durante todo este tempo o Pais tivesse assistido ao passar da história sem se dar conta dos porquês, sem se questionar, sem se assumir, ou sequer se responsabilizar. Nem mesmo a Revolução de Abril nos fez atingir a maioridade!

Portugal está aí, no seu melhor, saiu à rua para festejar a República. Ou pelo menos as instituições comemoram-na e o povo, esse, aqui e ali participa, como se a ilusão da festa fizesse esquecer o descalabro em que caímos.

São cem anos de história, que nos trouxeram o que de melhor e de pior existe no Regime Republicano.

São cem anos de história extremamente polémicos, exactamente pelas contradições que encerram.

É um século da vida de Portugal que assentou numa revolução que derrubou, ela própria, uma democracia.

É um século de convulsões sucessivas, de soluções mais ou menos contestadas, de pequenas glórias e algumas derrotas que o País ainda não acabou de pagar.

É também uma história ‘mal contada’, e os portugueses perderam a objectividade e a capacidade de ‘ler’, mas agem como se pressentissem a inutilidade de perguntar ou de participar…

Diríamos que a República gerou sempre ambiguidades, ao nível do poder e do seu exercício; como gerou rivalidades que sempre conduziram à luta pelo poder, mesmo no âmbito das ‘capelinhas’ e das ‘lojas’ dos que se auto-designam patronos do regime. Ou desencadeou protagonismos fátuos e sem consequências, que apenas servem os interessados.

A República permitiu e fomentou interesses partidários que em todos os momentos se colocaram, conscientemente, acima do interesse nacional. Pela natureza do regime, pela democracia mal digerida que conduz a formas de participação e cidadania ‘reinventadas’ para melhor servirem os interesses instalados.

Naturalmente que a sedimentação da República fez dela, em Portugal, o regime aceite pelo povo. E que essa aceitação, com apenas algumas escassas reservas, lhe tem conferido a estabilidade que parece mais ou menos inquestionável, para comodidade dos arautos do regime.

No entanto, ser estável não faz da República uma solução indiscutível ou definitiva, porque isso, sim, significaria um atentado à democracia que a suporta.

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