11/07/06

GM fecha, não dará para potenciar o know-how existente?


Sei que as notas que aqui vou deixar poderão ser consideradas como utópicas, contudo servem para estimular a discussão de ideias.

A GM Portugal representa um fatia muito grande nas exportações portuguesas, contudo o seu encerramento definido para final deste ano tem um conjunto de repercursões que vão muito além deste âmbito. Este encerramento traduz o despedimento de cerca de 1100 colaboradores, traduz a quebra de rendimento numa região, traduz a falência de empresas que viviam com base na GM, traduz claramente um problema social de elevada gravidade.

Considero que “depois do sangue derramado”, ou neste caso ainda antes, há que começar a preparar o futuro. O mercado é mesmo assim, e sempre ouvi dizer que as multinacionais não têm país, nem coração. As multinacionais têm métricas financeiras e políticas, nada mais e é com isso que todos temos de saber, isto é, não podemos ir contra o mercado directamente, há que saber viver com ele.

Na minha carreira profissional o que verifico é que a tecnologia é meramente um suporte, sendo o que faz a diferença é o know-how do negócio, do “como se faz” e da experiência adquirida.

Neste caso e procurando aplicar isto, mesmo falando um pouco de cor, por isso desculpem-me se calhar a leveza com que estou a tratar o assunto, não será que está aqui uma oportunidade para utilizar esse saber adquirido, ao longo dos vários anos em que a GM esteve cá, e traduzi-lo em algum valor acrescentado para nós? Não poderá o Governo dar condições a um conjunto de empreendedores (quais???), tal como dá a qualquer multinacional que se queira instalar, potenciando a criação de um “carro de linha branca” da GM, onde a marca seria portuguesa. Se alguns poderão estar a pensar que isto é demagógico, passo a lembrar por exemplo que a SEAT é hoje o que é e foi assim que começou, isto é, construindo inicialmente com base em modelos da FIAT.

Este é um desafio que lanço, poderia ser por exemplo utilizado como contrapartida sobre a GM, em troca dos 30 milhões de euros de indemnização que supostamente tem de pagar. Esta era uma oportunidade para lançar uma nova empresa com uma estrutura de custos mais reduzida, com capacidade de inovação e criar mais um passo para uma dinâmica de empreendedorismo que Portugal necessita para vencer no mercado global.

Será que Portugal tem empreendedores e capital de risco com capacidade de agarrar um desafio desta dimensão?

1 comentário:

Anónimo disse...

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