21/05/07

Xadrez e política

Sei que não é fácil (ou pelo memos cómodo) abordar xadrez e política. Pelos menos, tem sido explosivo. Já nos tempos da Guerra Fria e até antes era um assunto que queimava. Mas, como escrevo num espaço pessoal próprio, não corro o risco de ser censurado ou convidado a ver a questão de uma outra perspectiva.

Vêm estas linhas a propósito da situação política actual que se vive na Rússia, ou se se quiser ser mais preciso, na Federação Russa. O ex-campeão do mundo Garry Kasparov, tem-se empenhado numa intervenção cívica que, face às circunstâncias que se vivem naquele país - conforme os vídeos das televisões e na Internet documentam - requerem imensa coragem política para o exercício da cidadania, como se diz por cá.
Nem sempre tem sido fácil dialogar sobre a situação do xadrez na Rússia, sem que a conversa derive para apoios implícitos do antigo regime (comunista) ou do actual (democracia formal). Quando, durante a Guerra Fria, se falava e ou apoiava um ou outro candidato ao título de campeão do mundo - em Portugal, pelo menos - ressaltava(m) o(s) apoio(s) ou a oposição ao regime, mais do que o apoio ou o reconhecimento do mérito do candidato em presença. Foi assim, no match Fischer-Spassy, de 1972, e, entre Karpov-Korchnoi, por 2 vezes, e, por último, entre Karpov-Kasparov.
Quando Kasparov, ainda jogava, e, na sua qualidade de campeão do mundo, a sua situação era complicada para o regime comunista de então, mas, durou pouco - o tempo do muro e do regime cair. Kasparov, ainda há pouco tempo, era mais visto mais como o anti-comunista do que como um democrata, mesmo um liberal, que gostava pouco de ditaduras. Cheguei a ler prosas desse tipo nos fóruns da modalidade. Mesmo quando Kasparov, fundou a Frente Civil Unida, houve mais quem visse a suavaidade pessoal a vir ao de cima do que uma oposição ao novo regime russo - os novos czares, como então lhe chamou.
Ontem, o director do Público, José Manuel Fernandes, disse claramente, o que a Europa fez e o que Kasparov há muito vinha reclamando: ver a Rússia com outros olhos. No fundo e, como ele disse: A Europa fez frente a Putin. A Rússia não é o que no Ocidente se pensa que ela é - disse então Kasparov.
Permito-me pela importância e actualidade do tema, remeter para o meu blogue sobre xadrez Ala de Rei.

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