05/12/05

Amaro da Costa - A lição que me deu.

Tinha eu uns 10 anos quando tive o privilégio de conhecer e conviver algumas vezes com Adelino Amaro da Costa.

Estive várias vezes com ele no Caldas, Amaro da Costa estava lá quase sempre, tinha para todos um gesto de simpatia , a sua alegria de viver era contagiante, ele era a alma do CDS.

No entanto guardo na memória um celebre Verão, entre 77 e 79, não sei precisar, em que muitas vezes o encontrava na praia.

Nesse época, na praia do Guincho, era comum verem-se muitas figuras políticas de direita, entre elas estavam quase sempre, Freitas do Amaral, Almeida Mendes, Balsemão e Amaro da Costa que pese o facto de não ter filhos, era de longe o que mais brincava connosco e por isso aquele com que nós (miúdos), mais simpatizávamos.

Certos dias havia em que aparecia naquela praia uma figura sinistra e horrenda que se chamava Vasco Gonçalves, figura essa que em tom provatório fazia questão de se instalar com os seus pertences junto de nós.

Lembro-me como se fosse hoje, quando essa figura chegava à praia nós (miúdos) organizamo-nos em bandos, éramos muitos (20 ou 30) e sentávamo-nos à sua volta a provoca-lo e a cantar musicas anti-comunistas. A curta distancia estavam os nossos pais e os "tais" políticos conhecidos, enquanto uns diziam para estarmos calados e para não fazermos isso (os tempos eram conturbados), Avelino Amaro da Costa era o único que sorria e dizia para não termos medo.

É um a história simples, mas que demonstrou para mim e para vários dos meus amigos, naquela idade, a forma como se devia enfrentar os adversários:

sem medo e de peito cheio.

Mas foi essa coragem que o matou
, estava a ir até ao fim num processo muito complicado, não lhe perdoaram e mataram-no. Com ele foi a sua mulher (estava grávida), os restantes passageiros e tripulantes daquela avioneta, onde se incluía outro grande homem, Francisco Sá Carneiro.

Miguel Xara Brasil

2 comentários:

David Martins disse...

Vivencias invejáveis caro Miguel..

Miguel X disse...

só tenho pena de não ter mais uns aninhos naquela altura.