A segunda proposta do CDS foi no sentido de atribuir um pequeno benefício às famílias numerosas: reduzir em 50% a taxa de ocupação de via pública e isentar nas demais taxas cobradas por serviços da Junta de Freguesia, exceptuando as que sejam por venda ambulante e publicidade, os agregados familiares com três ou mais filhos de idade igual ou inferior a vinte e cinco anos, recenseados na freguesia há pelo menos dois anos. Tendo em conta que, só nos últimos seis meses, a Pontinha perdeu cerca de 150 eleitores, a maior parte dos moradores vive em moradias (que quando precisam de obras têm de pagar taxa de ocupação de via pública) e as famílias numerosas são cada vez mais raras devido ao encargo financeiro associado a um maior número de filhos, considerou-se justa esta pequena ajuda que, ao nível das contas da Junta, isentaria sobretudo algumas dezenas de atestados por ano e seria um incentivo à realização de obras em centenas de casas. Além do voto a favor do CDS e da abstenção do eleito do BE, todos os outros partidos votaram contra!
A terceira proposta apresentada - um novo concurso para a impressão do Boletim Informativo da JFP num tipo de papel mais barato e mais ecológico - foi em conjunto com o eleito do BE, já que foi este que a levou à Assembleia anterior, não tendo sido aprovada por se integrar numa proposta de cedência de um espaço de opinião no dito Boletim às diferentes forças políticas com representação na freguesia. Há três meses, PS e PSD chumbaram esta medida de participação democrática, tendo o CDS votado a favor, juntamente com a CDU e BE. Agora, dada a intransigência autocrática dos "partidos do costume", pedimos apenas um novo concurso porque a meio do ano, dos 1850€ orçamentados, já foram gastos 1575€ em duas edições trimestrais de 12000 exemplares (parcamente distribuidos), estando em dúvida a edição do terceiro trimestre. CDS e BE votaram favoravelmente, a CDU absteve-se e PS e PSD votaram contra.
Além do eleito do BE que levou mais uma proposta bem intencionada, mas mal formulada, à qual farei referência noutro artigo, o que é que PS, PSD e CDU fizeram pela Pontinha nesta Assembleia? A CDU fez declarações políticas - espertos! Assim não há discussão nem votação! - sobre o Serviço Nacional de Saúde, o aumento dos preços nos transportes públicos e a violação de neutralidade política do Governador Civil de Lisboa (PS) nas últimas eleições, temas que, embora sejam de importância nacional, mereciam ter sido debatidos. PS e CDU apresentaram um voto de pesar conjunto pela morte de José Saramago, tendo durante a discussão o líder de bancada da CDU dito a meu respeito no púlpito: «Este tipo tira-me do sério!». Ora, compreende-se que é mais importante assinalar o falecimento de um comunista da linha dura que apoiava os horrores do bloco soviético, nunca fez nada pelo Portugal democrático e, enquanto director do Diário de Notícias (nacionalizado durante a tentativa de instalar uma ditadura comunista em Portugal), fez uma autêntica caça às bruxas, saneando toda e qualquer pessoa que lá trabalhasse e não fosse da mesma ideologia! Mais: chamaram-lhe «extraodinário português», demonstrando de novo que a esquerda em geral padece seriamente de memória curta... Se recusar-se a pagar impostos e dizer que não volta a pôr os pés no país se a direita ganhar as legislativas, faz de alguém um «extraordinário português», então tal ilustre qualificação parece ser um exclusivo de pulhas e pseudo-tiranozecos! Para acabar, PSD e CDU apresentaram um voto de congratulação pelos torneios de futebol juvenil do Tenente Valdez e Quinta do Pinheiro, aprovados unanimemente.
Sem querer maçar mais o leitor, questionemo-nos: porque motivo os partidos mais votados não querem alterar o que existe e porque motivo as únicas propostas úteis para o colectivo vêm dos partidos menos representados? Citando Garrett em "Viagens na Minha Terra", «se o povo é bom e justo, porque razão elegem líderes maus e injustos?». Enquanto representante do Partido do Centro Democrático Social na Assembleia de Freguesia da Pontinha, sei que estou a fazer aquilo para que fui eleito. Não sou eu que estou a trair o voto de confiança dos eleitores...
Saudações democráticas!
António Gaito
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