06/08/06

A guerra do CDS

Eduardo Dâmaso, director-adjunto do Diário de Notícias, escreveu em Editorial [05-08], o seguinte:

O conflito cada vez mais aberto entre os populares é o resultado do trágico equívoco que foi a vitória de Ribeiro e Castro no congresso da sucessão de Paulo Portas. Este homem vindo do frio, em concreto de Estrasburgo, ganhou um partido órfão de um daqueles líderes que, como é habitual no CDS, tinham uma mais - valia eleitoral superior à do próprio partido.

Ora, no caso de Ribeiro e Castro, apesar da sua energia e capacidade de trabalho, não é isso que se passa. O actual líder do CDS não consegue nem conseguirá valer um pouco mais do que o próprio partido nas urnas eleitorais. Ribeiro e Castro vem de um tempo político, ainda do 25 de Abril de 1974 e da luta do PREC, cujas referências estratégicas e morais lhe podem valer uma vitória em congresso depois de um bom e emotivo discurso, mas nada mais do que isso. A política de hoje é diferente.

O centrismo suave de Ribeiro e Castro está confrontado com a mais forte transição geracional de que há memória no CDS, ungida pela vitória sobre Monteiro e bafejada com uma breve mas intensa passagem pelo poder que a determinou a ocupar um espaço identitário à direita que lhe permita sobreviver às oscilações do PSD.

Desperdiçou a oportunidade de comprometer os perdedores do congresso com a sua liderança, não foi hábil com a bancada parlamentar, não construiu uma equipa credível nem um discurso mobilizador.

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