09/06/06

“Falida”, mas contente.

O problema é que uma gestão municipal baseada e orientado para o politicamente correcto, ainda por cima sem dinheiro, com o objectivo único de agradar o maior número de pessoas, de forma rápida e simplista não leva a lado nenhum.



É do conhecimento geral e não é segredo para ninguém que a Câmara Municipal de Odivelas atravessa há bastante tempo uma enorme crise financeira, aliás de outra forma não poderia ser; o concelho nasceu torto, pois as dividas e a estrutura que herdou de Loures eram pesadas. Para além de nascer torto, cresceu mal, muito mal, uma vez que logo a seguir a esse parto, já de si complicado, juntou-se uma gestão desastrosa, liderada pelo P.S., apoiada e partilhada pelo o P.S.D. e P.C.P., a qual aumentou desmesuradamente os custos com pessoal, viaturas, instalações, etc., etc., para além das verbas mal gastas, nas mais diversas situações.

Devo contudo dizer que aquando das últimas eleições autárquicas, embora não acreditando na estrutura do P.S. local (os resultados da sua gestão estavam e estão à vista) ainda fiquei com alguma esperança que a Dr.ª Susana Amador conseguisse alterar o rumo do concelho. A sua juventude, a sua pelo menos aparente sensibilidade e humildade, bem como a determinação e energia que parecia e ainda parece ter, foram alguns dos factores que contribuíram para essa minha, talvez, espero que não, ingénua esperança.

Na única conversa mais detalhada que tive com a Sr.ª Presidente da C.M.O., há pouco mais de 2 meses, fiquei com a sensação que a Sr.ª Dr.ª Susana Amador estava consciente das dificuldades e dos problemas existentes no concelho, tendo mesmo afirmado que o buraco financeiro ainda era maior do que imaginava, mas também fiquei com a certeza que iria tentar fazer um mandato baseado no politicamente correcto, com o objectivo único de criar o maior número de simpatias junto da população, pois sabe que só assim poderá sobreviver dentro das guerras internas do P.S..

O problema, é que uma gestão municipal baseada e orientado para o politicamente correcto, ainda por cima sem dinheiro (se a C. M.O. fosse uma empresa estava tecnicamente falida), com o objectivo único de agradar o maior número de pessoas, de forma rápida e simplista, não leva a lado nenhum.

As medidas de fundo não são tomadas, as reformas não se fazem, as poucas verbas existentes são canalizadas para auto-promoção (propaganda politica) e entretimento popular (festas e festinhas), e o tempo, esse é gasto em futilidades, de festa em festa, de sessão em sessão, de fotografia em fotografia.

O que eu digo e escrevo está à vista de todos, a Câmara está falida, a própria presidente diz que o buraco financeiro é muito maior do que pensava, há cortes de água por faltas de pagamento, no entanto, fazem-se festas, publica-se uma revista municipal com 60.000 exemplares de distribuição gratuita para promover a nossa autarca, fazem-se presidências abertas para ouvir as necessidades da população, etc., etc. e não se resolve qualquer problema estrutural, nem tão pouco se aponta nenhum rumo para resolver os graves problemas que afectam o concelho. Isto tudo, sempre com a Sr.ª Presidente em pano de fundo, com um ar contente, de sorriso no rosto e ar emocionado, chegando mesmo a ponto de afirmar: Odivelas está na moda.

Esta situação tem que acabar, a Srª Presidente não pode continuar por aqui, tendo nas suas mãos uma câmara falida, a passear contente e a olhar para o lado, como se nada se passasse. Tem que se falar a verdade (expressão muito utilizada pele Sr. Eng. José Sócrates), tem que se dar a entender a realidade, tem que se começar a decidir e a tomar medidas por muito que isso custe, caso contrário a criança (Concelho de Odivelas) que teve um parto difícil e que cresceu cheia de vícios corre grandes perigos de se perder.
(In: diariodeodivelas.com - Coluna às Direitas)

2 comentários:

Anónimo disse...

"(...)As medidas de fundo não são tomadas, as reformas não se fazem,(...)".
Pois bem: será que poderia concretizar ou fundamentar quais as medidas de fundos e reformas que, na sua opinião, não estão a ser feitas e deveriam-no ser?
Antecipadamente grato,
Carlos Pinto

Miguel X disse...

Caro Carlos Pinto,

Agradeço o seu comentário/observação, até porque já reparei que lê com alguma regularidade os meus textos na Coluna às Direitas.

Não vou responder à sua questão hoje no blog, reservo a resposta para sábado na Coluna às Direitas.

Melhores Cumprimentos;
Miguel Xara Brasil
(miguelxb@gmail.com)